O senhor da cama quatro
Era como o meu avô.
Tinha um cuidado especial com as palavras, e uma atenção ao detalhe excecional ao contar histórias.
Falou-nos do carbúnculo, da sua aldeia, e da vida que levou. Procurava em nós uns ouvidos dispostos a escutar os tramas, as suas paixões, e a forma poética como sempre encarou a vida.
“A vida tem destes romances” dizia ele. E foi aí que descobri a alma de artista que nem o tempo nem a doença conseguiram escurecer ou apagar.
E é isto que amo naquilo que faço. Não só conhecer as doenças, mas principalmente conhecer as pessoas. As pessoas que não deixam de ser pessoas por se encontrarem numa enfermaria, e que não se deixam condenar por uma doença.