Dia Mundial do Lúpus - 10 de maio
Ontem foi o dia mundial do lúpus, e não poderia deixar de falar desta doença, não só pela importância que tem para mim, mas também pelo impacto que tem na vida das 5 milhões de pessoas que lidam com a mesma por todo o mundo.
Para quem não conhece, lúpus é uma doença que leva a uma resposta inflamatória contra os tecidos do doente, ou seja, uma doença auto-imune. 90% dos afetados são do sexo feminino e em idade fértil. Os sintomas mais comuns são a fadiga, dores articulares, febre inexplicável, e o tão típico vermelhão na face em forma de borboleta; e é por mimetizar tantas outras doenças que é de tão difícil diagnóstico. Além disto, pode afetar diversos órgãos e sistemas do nosso corpo, como a pele, as articulações, os rins, os pulmões, o coração, e até o sistema nervoso.
A minha jornada com o lúpus começou muito cedo. Numa noite, apenas com 4 anos, vi uma nódoa negra numa perna que me levou às urgências hospitalares. Nessa altura, fui diagnosticada com púrpura trombocitopenica idiopática - uma doença auto-imune que leva à destruição das minhas plaquetas sanguíneas (as responsáveis por formar um “tampão” e interromper o fluxo sanguíneo quando há alguma lesão). Desde então, fui seguida em consultas de rotina. Como cresci com este problema, nunca senti que me limitasse: aliás, não me lembro de viver sem ele. Apenas tinha de ter mais cuidado a brincar, para garantir que não me magoava.
Passado uns anos, comecei a ter algumas dores nas articulações, que colocaram a minha médica em alerta. Com alguns exames, foi fácil de entender que tinha, ou viria a desenvolver, lúpus. Com 10 anos de idade, não entendia grande coisa, muito menos as implicações deste diagnóstico. Porém, à medida que fui crescendo, fui me apercebendo da forma como esta doença podia afetar a minha qualidade de vida.
Nunca tive grandes complicações nem grandes sintomas. Apesar disso, ainda na escola, receei muito pelo futuro. Cada consulta médica era uma tortura: pensava sempre que seria daquela vez que receberia más notícias. É a incerteza que assusta. E quanto mais aprendi sobre a doença, mais atenta fiquei aos sintomas e, consequentemente, mais preocupada. Seria na próxima consulta que descobriria que teria de aumentar a medicação? Ou de fazer uma biópsia renal?
No entanto, o tempo e a maturidade ajudam. São os nossos melhores amigos. Apesar da sorte de ser diagnosticada cedo, e da ausência de sintomas e crises, tive de aprender a lidar mais tarde com a doença e, acima de tudo, com todo o stress e problemas que traz para a nossa vida.